quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Podemos confiar nos institutos de pesquisa?

Um jornalista cedo ou tarde acabará tomando como referência os dados oficiais. No entanto, até que ponto eles são confiáveis, levando o jornalista ao erro? Recentemente, uma matéria publicada no Globo Online em 06/10/2008 levantou a questão – e comentários como "É claro que a pesquisa influenciou e isso é bom, é informação" acabam levantando uma preocupação extra: O quanto o observador influencia o observado?

Pesquisas: institutos erram e trocam acusações

SÃO PAULO - Os dois principais institutos de pesquisas do país, Ibope e Datafolha, não acertaram os resultados das urnas em algumas cidades. Os casos mais notórios e distantes da média de 2 a 3 pontos percentuais de margem de erro ocorreram no Rio, em São Paulo e Belo Horizonte, segundo analistas políticos. Para o cientista Marco Antonio Villa, as três capitais se tornaram um verdadeiro "Triângulo das Bermudas" na política nacional por causa das pesquisas. Ele avalia que os eleitores podem ter alterado suas opções porque receberam informações erradas, principalmente no Rio.

- As pesquisas são fontes importantes para a democracia, são parte do processo eleitoral. Podemos chegar a 2010 em uma situação de descrédito sobre as pesquisas de opinião, o que é muito negativo - disse Villa(...)

Em entrevistas ao Globo, os diretores dos dois institutos negaram erros e trocaram acusações, principalmente por causa do Rio. O Datafolha avalia que foi o único a detectar o crescimento de Gabeira na reta final.

- Se não houvesse o Datafolha, a surpresa no Rio seria muito maior. E também seria outro resultado, porque eleitores da Jandira migraram para Gabeira. É claro que a pesquisa influenciou e isso é bom, é informação. No Rio, além de definir o candidato, o eleitor escolheu em qual instituto de pesquisa deve confiar - disse o diretor do Datafolha, Mauro Paulino.

Já o Ibope acusa o Datafolha de ter criado uma "onda" pró-Gabeira. O instituto teria elevado a estratificação social dos entrevistados, na análise do Ibope, e, com isso, encontrou mais eleitores de Gabeira, concentrados entre os mais estudados. Com a divulgação da pesquisa, mais eleitores migraram para o candidato, segundo o Ibope.

- É só analisar o Datafolha entre 5 de julho e 4 de outubro: o eleitor enriqueceu cerca de 10%. Ou seja: o Datafolha subiu o perfil da renda familiar e da escolaridade. Acho esquisito mudar uma amostra assim. Por isso, não foi erro do Ibope. O Datafolha criou uma "onda" que ajudou Gabeira - retrucou Márcia Cavallari, diretora de atendimento e planejamento do Ibope Inteligência. (...)

Márcia Cavallari disse que a taxa de desvio do Ibope com relação às urnas foi de 6% nas 34 pesquisas feitas na véspera e de 3% nas 12 do tipo boca-de-urna. Ela admite que, em São Paulo, a boca-de-urna ficou um ponto percentual acima da taxa de erro. O motivo seria o fato de as entrevistas terem se encerrado às 14h e não às 17h. Segundo ela, 17% dos paulistanos decidiram o candidato no dia da eleição.

- Prognóstico é o que se divulga na véspera, não há erro nisso. No Brasil, 20% dos eleitores têm decidido o voto no dia. E não há precisão absoluta em pesquisas. Agora, eu queria ver se o Datafolha ia pegar o resultado preciso em São Paulo se tivesse feito uma boca-de-urna. Falar assim é fácil. Em Belo Horizonte, o que ocorreu é que o Quintão cresceu, surpreendeu, talvez porque o adversário tenha soado como imposição - disse a diretora do Ibope.(Soraya Agegge)

A matéria na íntegra pode ser lida aqui.(Alexandre F. Soares)

5 comentários:

Futuros jornalistas disse...

De quem é esse post? Gente, não esquece de assinar! Larissa

Futuros jornalistas disse...

Esse assunto estava quente quando saiu o resultado do primeiro turno das eleições... Vamos ficar atentos a esse timing, nas discussões que mantivermos aqui no blog, OK?
As questões mais relevantes envolvendo a cobertura jornalística da campanha, a meu ver, já se deslocaram. Levanto algumas delas: como noticiar que a Marta Suplicy está insinuando a homossexualidade do seu adversário Kassab sem ajudar a disseminar na mídia o que ela diz? E que tratamento dar aos folhetos apócrifos distribuídos contra o Gabeira, no Rio, sem reforçar seu conteúdo?
Quanto aos institutos de pesquisa: francamente, não acho que eles tenham a obrigação de acertar em 100% dos casos. Se fosse diferente, as eleições poderiam ser reduzidas a uma ampla pesquisa por amostragem... O jogo das eleições é dinâmico, eu estranharia é se não houvesse margem de erro. Larissa

Alexandre Lancaster disse...

Fui eu, eu já corrigi.
E quanto a esse assunto, na boa, eu acho que se estivesse em São Paulo, com certeza votaria no Kassab – mais para não deixar essa mulher subir. O exemplo que ela dá é pavoroso. Mas a verdade é que não estando em São Paulo, qualquer opinião se torna meio superficial, por mais informação que se busque via internet e jornais locais. Não sabemos o que é morar lá de verdade. Não sei como isso é filtrado pelo resto do país, mas aqui no Rio eu mesmo tenho a impressão de que, friamente, nem o Paes nem o Gabeira são escolhas ruins em si. O que cá entre nós, é um avanço.

Anônimo disse...

Amigos, gostaria de comentar sobre o post e os comentários sobre o mesmo. Concordo com a Larissa sobre este post e principalmente tenho idéias um pouco diferentes sobre alguns posts, isso é algo que podemos debater com a professora em sala de aula e é apenas uma opinião sem maiores dramas, apenas uma idéia diferente sobre o que podemos fazer do blog.
Alexandre, a questão não é opinar, ou qualquer outra coisa do gênero, afinal acredito que não exista aqui nenhum expert em política, principalmente em nível nacional. A questão é tentar fazer uma cobertura ou informar sobre os acontecimentos, através dos fatos.
Acredito que não só na política mas como em todo outro assunto, a informação e a notícia é muito mais relevante que qualquer outro comentário abstrato. Lembrando que somos jornalistas, temos que ser diretos e imparciais (na maioria dos casos), apenas reportando fatos e trabalhando (ai sim) em cima deles.
Amigos não sei quanto a vocês, mas acho estes posts longos poderiam ser mais "editados", pois os mesmos estão deveras cansativos e muitas vezes limita o interesse do leitor.

Alexandre Lancaster disse...

Bom, quanto a posts longos, só posso dizer que a primeira vez que eu pus um post longo no meu próprio blog, eu fiquei particularmente preocupado, pensando em como ser mais sintético, etc.
Até hoje esse post longo é o segundo tópico mais visitado do meu blog.
Isso me fez sossegar e perceber que posts longos são válidos, caso você tenha algo que seja perene e que possa merecer um retorno ao tema da parte de algum leitor. Posts curtos mantém um blog vivo e são mais úteis para o que for mais efêmero. Bom, pelo menos foi o que acabei aprendendo na prática.

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