sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Lições da Semana da Comunicação

Por Eliane Oliveira

Rio de Janeiro
- O jornalismo é encantador. Essa é a resposta que provavelmente dois dos convidados, Vanessa Richie e Décio Lopes, que palestraram na Semana de Comunicação da UGF, na quinta-feira (13), dariam a alguém que lhes perguntasse como suportaram ou suportam tanta pressão, correria, além de situações incômodas e perigosas pelas quais passam no exercício de sua profissão. Possivelmente isso seja, acima de tudo, uma questão de vocação.

É nesse ponto que muitos estudantes se perdem. A comunicação oferece um leque enorme de possibilidades, portanto entender qual é a vocação exata e fazer um planejamento de carreira é extremamente necessário ao futuro comunicador. Dessa forma, a Semana foi positiva não só por trazer informações sobre o mercado, como também por orientar o aluno, aquele que conseguiu fazer essa leitura do evento, acerca do que ele quer, ou não, ser.

A atividade jornalística em geral pode parecer, aos olhos de um vestibulando, por exemplo, algo fantasiosamente maravilhoso, sem defeitos. O Jornalismo utópico atrai muita gente e os dados não negam. Segundo a relação candidato/vaga divulgada nesta segunda-feira 17, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), a concorrência para ingressar no curso de Jornalismo (21,56 candidatos por vaga) só é menor do que a de Medicina (32,77, por vaga). Além das estatísticas oficiais, vê-se o que ocorre quando uma pessoa conta para a outra que em breve será uma jornalista. Logo os olhos do interlocutor brilham. Por quê? Medicina, tudo bem, porque é uma profissão tradicional, que garante, em boa parte dos casos, status e dinheiro. Mas, no caso do Jornalismo, eles ficam só com o status, mesmo.

Bem, o tal vestibulando tem que se dar conta de que ele pode escolher um caminho profissional, visualizando somente o lado aventureiro e feliz da história, mas sem perceber que terá de passar pelos morros para fazer reportagens, enfrentar perigos como no caso da cobertura do 174 e desgastes como sofreram os que tentavam cobrir o gol 1000 do Romário. Quanto ao dia-a-dia da profissão, é necessário que o futuro jornalista note que há em alguns ramos do jornalismo um lado heróico e o outro realístico que coexistem.

Também existe um "jornalismo" que vai além de uma sala de redação. É empiricamente notável que a Comunicação Social atrai atores, pintores, músicos e até escultores, que decidiram por dinheiro, para ampliar os horizontes, ou por sabe-se lá o quê, fazer essa graduação. É provável que eles utilizem sua formação para outros fins, que não os diretamente jornalísticos, ou trabalhem em área mais voltadas para cultura que, geralmente, são consideradas menos pesadas. Se fizerem isso, podem evitar que o mercado esteja saturado de redações formadas por profissionais que, na verdade, são artistas frustados, distantes de alcançar o prazer de exercer o que lhes agrada. E essas são apenas duas das milhares de opções de carreira.

O importante é que todos se sintam confortáveis e que realizem seu trabalho com excelência. Percebendo aptidão para a função, que o estudante vá avante na missão de informar com qualidade e imparcialidade, na área em que melhor se adaptar. Pra quem conseguiu perceber, essa foi uma das interessantes lições que deixou a semana da comunicação.

3 comentários:

Enéas Lima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Enéas Lima disse...

Na minha opinião o mais gratificante em ser jornalista é ser reconhecido pelo trabalho que faz e ser valorizado por isso.
Por exemplo: Eu neste ano tive uma experiência espetacular cobrindo a rotina dos treinos de futebol do Clube de Regatas do Flamengo, recebi vários elogios do próprio clube e de torcedores do time pelo meu trabalho.
Cometi algumas gafes como todo jornalista da área? Sim, cometi. Mas nada é mais gratificante do que ler os elogios e as possiveis criticas construtivas em relação ao meu trabalho.
Jornalista só cresce com criticas e a sua própria autocritica sobre seu trabalho.

Devo retornar ao Flamengo em 2009, resolvi dar uma parada neste final de ano.

Jornalismo pra mim assim como a medicina, você não faz buscando status e dinheiro, pra mim quem exerce uma dessas profissões são aqueles que tem o DOM de lidar com o ser humano! E isso são para poucos!

Eliane Oliveira disse...

Também defendo o Jornalismo com unhas e dentes! E a minha intenção ao escrever este texto é muito mais evitar que pessoas que não têm este dom (o do ser humano) exerçam a profissão do que desmerecer a atividade jornalística. Até porque, como disse no início, ela é encantadora...

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