sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Falso jornal anuncia fim da guerra no Iraque


Imagem: Associated Press


Por Diego Luis

A cidade norte-americana de Nova Iorque foi surpreendida hoje, dia 13 de novembro, com a notícia de que a Guerra do Iraque teria chegado ao fim. A manchete estampava a primeira página do mundialmente conhecido jornal The New York Times. No entanto, o que eles não sabiam era que a edição era falsa.

Um grupo de ativistas contrários ao governo de George W. Bush distribuíram uma edição de 1,2 milhões de exemplares idêntico ao original jornal The New York Times. Os jornais foram distribuídos aos arredores da Times Square e poucas pessoas perceberam que o jornal não passava de uma farsa.

A notícia sobre o jornal fake foi publicada no periódico argentino Clarín, que revelou ainda uma outra notícia bombástica da versão falsificada do NY Times: Bush seria julgado por crimes de alta traição. Segundo o Clarín, o falso jornal teria 14 páginas e seria datado de 4 de julho de 2009. Além das matérias sobre Bush e a Guerra do Iraque, o falso periódico ainda trouxe a manchete "Nacionalização do petróleo financia esforços contra mudanças climáticas".

O grupo ativista "The Yes Men" revelou que essas seriam as notícias que eles realmente gostariam de ler nas páginas do jornal. No prédio-sede da versão original do New York Times, todos evitaram comentar a respeito do ocorrido. O The Yes Men disse que trabalhou cerca de seis meses na edição e contou com a ajuda de pessoas de dentro e de fora da cidade.

Ora, perder cerca de seis meses em um trabalho desses deve justificar um ideal realmente motivador. A obra certamente demandou o uso de dinheiro, que saiu do bolso de voluntários provavelmente com os mesmos pontos de vista. Não consta que os responsáveis tenham sofrido qualquer tipo de repreensão. Mas onde fica a responsabilidade por terem utilizado o nome de um jornal tradicional no local?

A publicação trouxe notícias bombásticas que não afetariam diretamente o modo de vida da maioria das pessoas inicialmente. Contudo, o jornal poderia ter trazido matérias de iminentes tragédias que poderiam ter deixado a população em pânico, e ainda utilizando o nome do The New York Times.

Não domino as bases jurídicas, mas poderia afirmar com alguma certeza que o NY Times poderia processar o grupo por danos morais, talves pelo fato de noticiarem fatos mentirosos utilizando o nome do jornal, o que pode trazer certa jocosidade a respeito do ocorrido.

Até onde vai a liberdade de expressão das pessoas? Quais os limites da responsabilidade de alguém que divulga fatos em veículos de massa, ainda que não-oficiais? O grupo The Yes Men merece alguma punição? Em algum momento a ética foi deixada de lado? Confesso que o fato me deixou com essas "pulgas atrás da orelha". E vocês? O que acham?

3 comentários:

Futuros jornalistas disse...

Diego,
Achei essa notícia bem mais intrigante no que se refere ao uso criativo que o ativismo fez da mídia do que a qualquer aspecto jurídico relacionado à questão. Até repassei seu texto para algumas pessoas. Larissa

Anônimo disse...

Sim, mas não sei se seria ético utilizar o nome de um jornal (especialmente do naipe do NY Times) para propagar ideais de um grupo específico. Independentemente da importância dessas idéias.
Acho que o aspecto jurídico da questão pode ser deixado em segundo plano se considerarmos os termos de punição. Mas acho muito relevante discutir a ética da questão. Não concorda?

Futuros jornalistas disse...

O jornalismo está preocupado com a questão ética; o ativismo em propagar suas idéias políticas. Você está no seu papel. Agora cá para nós, se o ativismo não usasse um nome forte como o do NY Times, a manifestação não teria a menor graça! Larissa

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